terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Rasante



Um voo para o alto. Ainda consigo ver meus pés no chão

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Bicho

Eu tava tentando caclcular esses dias que tipo de bicho eu seria.
Do tipo nervoso, inquieto, do tipo domesticado. Com bico, pelos, penas, garras, escamas, gueuras, atenta, lerda, com patas, nadadeiras, rabo, não consegui pensar num só bicho.

Acho que seria apenas faminta.

Talvez um par de asas também não me fizessem mal.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

As imensas razões do querer


Quando a gente quer bem a alguém não significa que estamos dando cartão verde para o nosso coração. Queremos bem por um motivo ou outro, alguém que nos faz dar risada, alguém que é suave como um perfume ou absurdamente agitado para seu dia..A gente quer bem pouca gente. Seja amigo, familiar, aquele mocinho da padaria, aquele bom dia que se escuta solitário no começo dia. A gente não mede na verdade quando se quer bem. A gente pede somente pra continuar ali, onde cada coisa está. E pede, claro, para que elas sejam sempre boas. Que o bom dia sempre venha com um sorriso, que o “até mais” venha com a esperança real de encontrar no outro dia, e que o coração entenda, assim como a mente, que querer bem é querer mais uma vez, é não deixar de ter. mas é difícil explicar porque na verdade o coração parece aquele menino que tenho em casa de 8 anos de idade, e pra ele, amar é se jogar em cima, abraçar até fazer barulhinho e negar isso, um dia que seja é quase um crime federal.
Mas a via de regra a gente não escolhe a quem quer bem. É só experimentar. Você ama a tia do cafezinho? No máximo gosta, quer bem, mas não é um QUUEEER bem. Teu chefe...passável. Mas o maior problema está quando a gente quer bem alguém que não se deveria querer bem, ainda mais uma moça tão comportada como eu.
Esse tipo de gente é que me intriga, me tira o sono. Pois são pessoas que vieram, permaneceram e parecem ter tirado algumas cópias das chaves do coração. E agora entram e saem com uma facilidade de condomínio. Essas pessoas nos inspiram a querer de novo, mais e melhor. Mas não estão sempre, porque conforme já falei, elas circulam pela gente, como gente sem dono, sem documento, sem CPF. E vem e vão, e nos deixam sem a gente saber que não estão mais ali, bem acomodadas dentro da gente. Para esse tipo de gente, querer bem é quase uma história. Porque o querer, muitas vezes é poder, mas nessas, e para essas não. Querer, é olhar de longe, é admirar a risada, é achar graça escondido para que ninguém note. E por elas irem e virem, é preciso uma certa dose de paciência para entender. Porque afinal de contas querer nem tem significado, quem diria morada certa.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

As minhas impressões do mundo sem serotonina




Eu não fumo mais. Também não bebo muito, adorava ficar tonta no início do final de semana, beber com um ou dois amigos, nada grave. Mas não bebo, não fumo e hoje não tenho mais serotoninna. Meu corpo parece ter abdicado dessa tal substância que traz alegria e razão de viver. Hoje não bebo, não fumo, não tenho serotonina e também parei. Parei de andar mal acompanhada, de mascar chicletes (porque irrita o estômago e com ele irritado ninguém pode), e também continuo sem muito dinheiro. Brinco que vou acabar sobrevivendo de luz, mas no fundo é verdade. A vida sem vícios, sem manias não me parece boa coisa. Mas vamos lá, nunca fui tão alucinada, mas o que gostava mesmo era a possibilidade, a possibilidade de fazer, de poder ir além. Hoje não mais.
Hoje, não fumo, não bebo, não masco chicle, não ando com gente ruim e to quase tendo certeza que a vida de ermitã não me parece um absurdo. Não durmo demais nem de menos, levo uma vida regrada. Não compro demais, parei com isso também. Parei de achar algumas coisas, de olhar gente na rua, parei com as manias, os tiques, mas ainda pareço viva e inteira. Só não acho mais graça em algumas coisas. Muitas coisas.
Não converso como antes, acho que morri um pouco. Já era hora.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Fim de semana

Acordei eram 6h45 com o barulho do vento lá fora. Calcei os chinelos, coloquei o casaco e abri a janela da cozinha. Uma sinfonia me aguardava.
Enquanto todos dormiam, eu ouvia atenta o barulho surdo das folhas nas árvores. Parecia uma conversa, desses seres invisíveis que habitam as nossas casas e se misturam a folhas secas. Apoiei os pés num banquinho, me inclinei para fora, e fiquei respirando aquele ar cheio de palavras.
E senti que minha presença foi notada quando um tufo de vento fresco bateu no meu rosto bagunçando ainda mais o cabelo despenteado. Dei risada baixinho, por dentro.
Estiquei uma das mãos para fora, ouvi mais um pouco do vento, enquanto uma figueira conversava quase em voz alta. Até os passarinhos estavam mudos.
O feitiço do novo dia estava pronto para começar.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A Gina me assusta


Sempre tive problemas com o cotidiano. Acho que meia humanidade deve ter, mas comigo, o que me aflige realmente são as pequenas coisas, aquelas que ficam escondidas debaixo do tapete, aquela que está nas paredes úmidas quando chove demais, mas principalmente naquilo que está a tanto tempo que ninguém mais nota. Quer um exemplo? Gente que palita os dentes depois do almoço em público. O mundo está cheio dessas pessoas e ninguém se dá conta de que palitar os dentes em público é, além de feio e nojento, algo que fere com a sutileza de uma paulada, a mínima etiqueta à mesa. Não é frescura gente, é ruim de olhar de saber...você já usou aparelho nos dentes? Quem usou sabe que o chato de tudo é dar risada depois de ter comido. Mas até quem usa, cria um hábito perfeito que é, após as refeições, se levantar e ir ao banheiro. Lá sim, saca de uma bolsinha uma bela escova de dentes uma pasta pequena, pode ser qualquer uma, não interessa a marca. Mas escova lá dentro, lá dentro daquela salinha azulejada, onde as pessoas costumam fazer o que não fazem em público (ainda).
Sabendo disso, não é claro que mãe ensine pro filho, e pros amiguinhos que escovar os dentes é perfeito? E que palitos de madeira além de contribuir para o desmatamento, são absolutamente prejudiciais ao esmalte dos dentes. Pergunta pro seu dentista.
E mais..porque quem palita os dentes com uma das mãos, fica com a outra cobrindo? Pra que? Pra que cobrir se todo mundo sabe que vc ta palitando os dentes?
Hoje mesmo eu vi. Quatro moças numa mesa terminando de almoçar. Tudo estava em ordem se não fossem os palitos que com a agilidade de um espadachin mudavam de um canto a outro da boca. Quem olhava de longe via que as moças tinham um certo jeito comportado, todas de salto alto, terninhos, cabelos lisos e palito na boca. Em seguida um casal logo ao lado quase fazia uma disputa para ver quem tirava o maior naco da boca entre risadinhas e mastigares. À frente, de pé, um homem novo, perto dos quarenta enfrentava a fila , bem vestido, cabelo penteado para o lado e..palito pro outro. O almoço na verdade parecia uma conferência de Palitadores de Dentes. Naquele momento, o mundo palitava os dentes.
Fiquei pensando em levantar e colocar a minha escova de dentes em público...só pra ver no que ia dar. Mas fiquei ali pensando, se faço, me entrego. E afinal é a diferença que nos separa dos macacos, ah sim tem o dedo opositor também. Mas cá entre nós, palitar os dentes não fere ninguém (exceto a gengiva), mas bem que poderia ser proibido, ao lado da plaquinha de proibido fumar estaria: proibido palitar em público. Perfeito! Enquanto a idéia não vem ...eu continuo odiando a Gina.

sábado, 18 de abril de 2009

Garganta

Amanheci com dor de garganta..amanheci e anoiteci, sim porque já faz quatro dias.Uma vez me disseram que a garganta dói em gente que deixa de falar alguma coisa. Aí tô aqui pensando o que seria mais ou menos...E não descobri, acho que uma frase entalada, e imagno que uma palavra fora de hora pode causar.
Hoje me sinto mais tranquila, ou como escrevi "sou controlada, assim como minha medicação". Minhas mãos estavam trêmulas e uma amiga disse: deve ser a fera tentando sair. Nem eu sabia que ela ainda tava acordada. Achei bom porque enquanto penso no que ainda não disse, não me sinto afoita, me sinto tranquila. POrque sei bem como é errar o tom, errar a letra da música, e já não gosto tanto da emoção besta que me trazia.
Então, pra não errar, espero um pouco e tomo pequenos goles, como num cafezinho. E vem a próxima frase, a próxima deixa. Vivo aos poucos.
Não consigo mais fixar o pensamento em nada de grave, parece que o processo se interrompe. ACho que talvez por isso não esteja escrevendo. Quero passar por isso, por essa fase...como quem implode um prédio e recomeça. A poesia me distrai, desocupa e hoje, preciso estar atenta..porque ainda não descobri o que me falta dizer.

domingo, 8 de março de 2009

Sinônimos

"Logo eu que não tenho sinônimo..."Terminei de ler "Um sopro de vida" depois de ser boicotada na leitura durante uma semana. Acho que preciso comprar esse livro, sabe pra ter guardado...acho que é estranho mas diz muitas coisas a meu respeito...tá bom e mais sobre um monte de gente esquisita que conheço...
"Eu, gazela espavorida e borboleta amarela. Eu não passo de uma vírgula na vida. Eu que que sou dois pontos.." Aí uma amiga lembrou do que escrevi.."não sou rima, sou pausa". E aí pensei, pensei, me gastei tanto de pensar e descobri que se a gente descobre tudo agora no começo..talvez o fim não tenha graça. Como passar o dia na praia e depois ver amanhecer. A agente sabe que vai ser absurdo de lindo, mas vai que chove?
Tô exausta de tanto achar. Me perdi. Essa semana vou dar um jeito nessa falta de serotonina.

Mas voltando ao sinônimos, já parou para pensar neles? Esses dias estava olhando essas duas pequenas criaturas que moram aqui. Olhei cada detalhe, os fios de cabelo novos, a pele sem marcas, a risada recém inaugurada. E achei que talvez parecessem com doçura, achei pareciam uma manhã de folga, com cheiro de chuva.
Aí comecei ler "O perfume" (antes tarde que nunca) e lá tinha uma ama seca que dizia que s crianças tinham cheiro de caramelo. Perfeito...açucar queimado! Acho que os dois..um é uma bolacha recheada e a outra é algodão doce...sinônimos tão perfeitos da doçura!
E eu me divirto.
Logo eu que não sou nem muito nem pouco.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Só hoje

Tá bom, agora que me animei com essa coisa de escrever aqui e ali me aguentem. Sobre os meus dias ? Hoje, especialmente pude observar mais um capítulo da pequeneza humana...áh essa sim, quanto tempo a gente demora pra perceber.
Uma amiga um dia me disse que no fundo somos todos gafanhotos..me entristeci. Gosto de pensar que algns são borboletas, outros lagartas e o resto, o resto, como diz Cony...deixo para o pobres.
Me arrepia o poder e talvez me espate mais com o que percebo hoje, lembrei do Mogli daçando com o Balu e cantando: "somente o necessário, eu disse necessário". Então eu vou aprendendo aos poucos como lidar com coisas e pessoas que simplesmente desconsidero. Esses dias poderiam vir com Nina Simone cantando..."you know how i feel...it´s a new day for me e and i´m feeling good".
Eu sei que pássa, que vai durar pouco tempo essa raiva de gente pequena e miúda que adora varejar, estar perto de quem tem e nunca ter nada, nem o necessário. É gente que se diz de bem, que disfarça, que mente, que acha mas nunca diz pra não perder a linha, que nunca nunca conta uma piada sem graça (porque ri antes de termiar), que nunca sai da linha, que nunca dançou na sala sozinho, nem deixou queimar um arroz no meio do churrasco. Mas sempre está na sombra, esperando um restinho, uma migalha.
E depois me perguntam por que vivo falando em lança-chamas. Mas hoje, hoje não. Hoje, fui tomar duas bolas de sorvete e me convenci que o dia pode terminar bem melhor que começou.