terça-feira, 30 de setembro de 2008

Dia depois da chuva

Acordei num silêncio de dar dó. Estou cansada de mim, queria me mudar, me reinventar, me admitir. Mas não posso, porque minha alma é gigante e não cabe em mim. Não posso porque não sou uma só, porque não nasci assim, me tornei uma hipótese, uma invenção. Porque tenho camadas, e pensamentos indizíveis. Porque tenho saudade do que não me pertence, sinto falta do indevido e também porque sou obrigada a ficar, por razões muito simples e humanas. Mas acho no fundo um disparate essa negação, essa coisa comedida que me submeto. E tenho um pavor de parar e acabar me ouvindo gritando, bem aqui dentro, bem aqui no peito.

2 comentários:

Jeane Hanauer disse...

Fiquei mais conformada com minha existência agora. Alguém com os mesmos sintomas é animador. Cada dia acordo como um trem descarrilado, perguntando onde vou parar com esta esquizofrenia mal-disfarçada de lucidez ou lucidez em excesso. Será que tomar um passe resolve nestes casos crônicos?

Ariana Zahdi disse...

Sou tão eu descrita aqui neste espaço...