quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Para salvar você




Entenda, tudo que digo é pessoal e intransferível. Escute com atenção e se possível não abra a boca, a não ser que me devore. Não abra, respeite também meu limite de velocidade, porque sou lenta, fantasio demais e perco tempo olhando pôr-do-sol.
Então , depois de bem acomodado, aperte bem o cinto, comporte-se, tome um pouco de absinto e tônica, não molhe a ponta dos dedos, nem lamba. Use o lencinho ao lado, feito pelas tecelãs do Monte das Mulheresquenãoforam. Pisque muito devagar para não perder sequer um momento.
Vamos lá; o que tenho a dizer é bastante simples e pode lhe salvar a vida; corra! Corra agora para fora do meu peito, recolha seus pertences, chinelo e escova de dentes, não esqueça o desodorante, os documentos, e corra. Não importa a direção, apenas vá. Falo isso pois logo, logo uma área intempestiva chegará, e vc, passageiro desavisado que ainda ri quando escuta trovões, não sabe onde se meteu. 

Passaram quantos? Cinco? Dez? Vc ainda aqui? Eu avisei, sou de uma nocividade incauta, lenta e burra. Eu avisei Minotauro.  Aeromoça, passe o sal.